e tudo foi um baile de máscaras
e travesti-me de vulva sorridente
desprovendo-me de coração e pensamento
portando apenas unhas, pernas e dentes...



e com máscara vestia-se o mártir
em sua podre condição de carrasco
o carrasco zelava da carcaça
tentando corromper o que era essência


a carcaça irreverente
desprovida de coração e pensamento
portadora de unhas, pernas e dentes


e a carcaça era carrasco
jamais guardiã


nada em prol da essência
travestida de vulva sorridente
enjaulando coração e pensamento
em um desastre de pernas, unhas e dentes


e a carcaça não devia ter coração
mas coração alimentava o sorriso
o sorriso pereceu
e a carcaça não havia de pensar
mas sem pensar 
a carcaça era sem vida
e a vida é essência
e sem essência
a carcaça pereceu também


e o carrasco se lamentou
retirou-se do baile
deixando sua máscara pra trás
desejou ser guardião novamente
cuidar do coração e pensamento
favorecer a essência que suplicava piedade
desprovida de sorriso


e o carrasco era a essência
mas travestiu-se de carcaça
agora chora agoniado
acobertado de esquecimento
não é tomado nem como lembrança
era uma máscara
uma vulva sorridente
num baile inacessível a coração e pensamento
restrito a unhas, pernas e dentes


mas hei de levantar
já livre da podre condição de carrasco
não opero mais com carcaças
e quero ter livre coração e pensamento
ressuscitar um sorriso de tal asco
desviar-me firme e definitivamente 
de qualquer baile de máscara...



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