Te acolhe entre meus braços
enquanto me acolho entre suas pernas
Seu rosto quente
sob uma face gotejante
cujo suor te toca

A mim fita
sem dizer qualquer palavra
seus suspiros me bastam

Sob meu peito te aquece
e se banha

Como banhasse
sob a cachoeira
fria e tranquila
e diante da qual
estivera entre meus braços

E entre meus braços
a mim fitava
enquanto chovia em nosso quintal

Goteja em seu rosto

Em meus braços se escondia
quando trovejava

E trovejava
com muita fúria

E com muita fúria
se debateu
quando na cachoeira
quase se foi

Se foram muitas forças
para trazê-la de volta

Se foi o desespero
a dor que viria
se eu a perdesse

E veio
a convicção
de minha fraqueza...

Minha fraqueza
que perante ti
se reveste de bravura
e valentia

Valentia
que diante de sua ausência
dissolve
despindo a fragilidade de sempre

E sempre
a ti devi minha validez

Validez
que reconheço
só para ti
e apenas por ti ela existe

Ela existe
e contigo a sinto

E contigo sou forte

Sou forte
mas me prende entre suas pernas
e com seu corpo
dá sentido e validez
aos meus braços

Suspira
e sem palavras
fita a mim

Fita a mim
e te fito
com bravura e valentia
Mas convicto
de que em breve
ficará entre meus braços
uma lacuna
e suas pernas
andarão calmas
deixando um corpo
inválido
submetido à fragilidade de sempre

E sempre por ti
reconhecerei minha validez

Minha validez
que sem ti
não passa de fraqueza

Fraqueza
que se disfarça
entre meus braços
entre suas pernas.


30/11/07

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