Rasga
cada fibra que em mim bate
e assim jorram gotas
angustiosas num vermelho sórdido
e quem sabe
derreter sem pena
qualquer sentido que entrave
Rasga
sem piedade
cada sonho em suas artes
cada verso em seus princípios
veneno em modo próprio
Rasga
entornado em artifícios
cada fúria em seu resguardo
temperada em franco ópio
Rasga, querido
como rasgasse minhas pernas
uma presa débil
no aguardo do abate
vulnerável a um beijo nocivo
Rasga, meu bem
cada retalho dessa ânsia palerma
abre bem esse sorriso
estraçalha em capricho ágil
Apedreja
cospe
pisa
e o que mais tiver em mente
prosseguir sem receio
dar vazão a tua trama concisa
válida, em seus vieses, sempre
castigar embasado
a infame criatura imbecil
condenada a ser inocente

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